O NELP completou, em 2023, 25 anos!
O NELP/UEFS se tornou, pela excelência dos trabalhos desenvolvidos, um nome importante no quadro geral de pesquisas em curso no Brasil, sobre a questão complexa da constituição do PB, o qual, como afirmou Mattos e Silva (2004, p. 154), não pode ser tratado como um conjunto homogêneo, unitário, nem numa perspectiva sincrônica, nem numa perspectiva diacrônica. Seja no que diz respeito à constituição de corpus, seja no que diz respeito a estudos sócio-históricos e linguísticos, o núcleo se destaca, com trabalhos relevantes, apresentados em eventos acadêmicos, locais, regionais, nacionais e internacionais, e publicados em livros e periódicos, além da disponibilização do corpus integral, na rede mundial de computadores, com exploração de dados em diferentes interfaces.
História da Língua Portuguesa – cujo objetivo principal é abordar a mudança linguística, tendo em consideração as relações estabelecidas entre a língua em si e a comunidade que a utiliza – é uma disciplina que consta na grade curricular de diversos cursos de Letras, em Instituições de Ensino Superior no Brasil, como na UEFS. Conforme ressaltam Marcotulio et al (2018, p. 15), “A formação de um graduando em letras pressupõe a compreensão do dinamismo das línguas, que funcionam como sistemas em constante processo de mudança.” Os alunos da UEFS têm tido, ao longo dos anos, sua formação em Linguística Histórica, história da língua portuguesa e história do PB embasada não apenas nos textos clássicos, que se repetem nos programas das diferentes universidades, mas também nas pesquisas desenvolvidas no NELP, como parte de projetos com equipes interinstitucionais, em rede, dos quais resultam produções importantes, com dados inéditos, que trazem luz à constituição histórica do PB, além de colaborar com discussões teóricas, especialmente sobre tratamento de corpora.
Com o NELP – que recebeu da comunidade acadêmica, em dezembro de 2022, durante a XIX Semana de Letras (SEMALET), na categoria Melhor Núcleo de Pesquisa do Departamento de Letras e Artes (DLA) da UEFS, o prêmio José Jerônimo de Morais –, a UEFS é reconhecida como um centro de Linguística Histórica no Semiárido baiano, um dos mais importantes do Brasil, oferecendo à comunidade científica um banco de dados sociolinguísticos para a história do PB, que está entre os mais completos do mundo para a história de uma língua.
A equipe NELP/UEFS vem mergulhando nas “águas profundas” da heterogeneidade complexa do PB, dedicando-se à sua sócio-história passada e presente, (MATTOS E SILVA, 2004, p. 138), colaborando, de forma significativa, com o programa investigativo do PHPB, que é também seu programa investigativo, partindo do Semiárido baiano. E, como não poderia deixar de ser – tendo em vista também o compromisso do núcleo com um ensino de melhor qualidade –, tem feito chegar à Educação Básica, especialmente a escolas de Feira de Santana e cidades circunvizinhas, por meio do projeto NELP na Sala de Aula, a história da língua portuguesa e do português brasileiro, numa abordagem a partir de dados reais, obtidos de corpora criteriosamente constituídos.
Nossos agradecimentos à nossa querida UEFS – instituição de que muito nos orgulhamos –, pelo apoio em todos os momentos, às diferentes instituições de fomento que têm dado auxílio ao núcleo, e nossos agradecimentos à professora Rosa Virgínia Mattos e Silva (in memoriam), que, em suas aulas na UFBA, ensinava também aos estudantes, citando um Flos Sanctorum trecentista, que o que salva o homem não é o nome ou a fama, mas a obra que faz (MACHADO FILHO, 2009, fólio 53vC1): “Huum frade preguntou huu monge velho e de gram sanctidade e disse-lhi: – Que é o que salva o homem? O nome ou a fama ou a obra que faz? E o monge velho respondeu i disse: – A obra que faz.”(MACHADO FILHO, 2009, fólio 53vC1). Pró Rosa não está mais entre nós, mas sua obra continua a dar bons frutos, e o NELP é um deles, que fica para sempre na história da UEFS e da Linguística brasileira.